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As expectativas eram muitas antes de ter começado a ler aquela que é considerada uma das obras pioneiras do steampunk original. Certamente, ler as obras de K.W. Jeter, autor responsável pela criação do próprio termo (vide carta à Revista Locus, 1987) é algo que está na lista de qualquer fã da literatura do género. E em termos de adequação ao género, o livro não desaponta. Infelizmente, em termos de estilo, história e personagens, deixa algo a desejar.
A história segue George Dower, filho pouco talentoso de um cientista genial, arquétipo dos inventores vitorianos, que morre sem explicar os segredos das suas invenções, deixando ao seu filho uma loja de mecanismos de relógio. Por muito que se esforce (mais por motivos monetários do que por vocação), George não consegue ter com os mecanismos a mesma sinergia que o seu pai tinha. Quando um homem misterioso e exótico o visita no sentido de consertar uma máquina, George começa a aperceber-se que a ocupação real do seu pai não eram os relógios. Com uma intriga que mistura autómatos, sociedades secretas, bordéis, progresso tecnológico e as suas consequências, criaturas sobrenaturais, e viagens no tempo, com muita ironia à mistura, é fácil ver como este livro se tornou influente na história do steampunk.
No entanto, George é uma personagem principal passiva e pouco carismática, o humor é forçado e alguns dos plot twists fazem pouco ou nenhum sentido, falhando na tentativa de trazer algum interesse final à narrativa. A história empalidece em comparação com outros clássicos do género, sem qualquer característica que a torne memorável.
De leitura recomendada para os fãs do género, nem que seja apenas pela sua importância histórica (e a introdução, escrita recentemente em tom de reflexão). Para os que gostam de uma boa história, este livro entretém, mas não satisfaz.